Os problemas enfrentados pela juventude e a sua
participação na sociedade do século XXI
JOSÉ MAURÍCIO SILVA LIMA *
O
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jovem sempre foi um
precursor das mudanças e esteve presente em todos os acontecimentos que
modificaram o mundo. No Brasil, em todos os momentos de mudanças, a juventude
se fez participante; basta rever momentos recentes da história do nosso país,
em que essa participação se destaca: a ditadura militar e a luta pelas
“Diretas-Já”.
Na ditadura
militar, a juventude estudantil exerceu o papel de oposição a tudo que
acontecia de errado em nosso país. Era uma luta que não combatia apenas os
desmandos do governo, mas buscava a concretização de ideais revolucionários.
Essa juventude foi ousada e atrevida, enfrentou nas ruas a polícia e o governo
militar autoritário; nas universidades e escolas lutou pelos direitos dos
estudantes; muitos foram mandados para fora do país, outros foram assassinados,
alguns desapareceram e outros continuaram a luta na clandestinidade. Essa
juventude, apesar de todas as dificuldades encontradas, sempre tinha “desculpa”
para lutar, para buscar aquilo que era seu por direito; os métodos nem sempre
eram lícitos e corretos, mas quase sempre representavam o único modo que eles
tinham para chegar aos seus ideais.
No processo das
“Diretas Já”, encontramos de novo a juventude estudantil nas ruas. Dessa vez a
luta era outra: não foi preciso ser tão ousada e atrevida como a juventude da
ditadura militar. Sem a repressão ferrenha do governo, que continuava
autoritário, eles pediam apenas o direito de eleger o seu próprio presidente, a
honra de escolher, pelo voto, o “governante geral” do Brasil. Essa luta não era
apenas deles, mas de todo o povo brasileiro – políticos, autoridades, artistas,
militares(até militares), religiosos, pobres, ricos; todos lutando por um único
ideal: a democracia.
Hoje,
próximos à virada para um novo século, pergunta-se: Por onde anda nossa
juventude? Que ideais a movem? Que lutas ela trava para torná-los realidade?
Essas são perguntas simples e diretas, mas que encontram uma juventude que não
sabe respondê-las. A nossa juventude, como a nossa sociedade, enfrenta
problemas estruturais, sócio-culturais e econômicos. É uma juventude para quem
as drogas – principalmente as lícitas: álcool e cigarro – exercem um fascínio
intenso e, às vezes, mortal; a violência é usada como diversão; o racismo e o
preconceito a afasta da sociedade; o desemprego a tira do mercado de trabalho;
sua sexualidade é violentada. Tudo isso pela falta de uma educação apropriada,
tanto no âmbito escolar, como no familiar.
A
juventude precisa se conscientizar de que para conseguir mudar o que hoje
existe, tem que primeiro mudar a si própria, encontrando motivos, ideais,
ideologias que a façam movimentar-se. Não adianta apenas reclamar; agora é a
hora e a vez de fazer, de mudar as coisas, é a hora de participar de todos os
movimentos organizados possíveis: grêmios, conselhos escolares, associações de
classe, sindicatos, partidos políticos etc. A juventude precisa mostrar que
está aqui, que quer mudanças e que está disposta a lutar por elas. Tem-se as
armas, basta agora aprender a usá-las de modo correto.
(Texto publicado na Revista GESTÃO EM REDE,
Março/2000, publicação periódica do CONSED)
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