GRUPO PRESO AO TENTAR FRAUDE
Publicado
no Jornal Diário do Nordeste em 7 de novembro de 2011
Os
cinco acusados usavam celulares no sapato para receber mensagens
vibratórias indicando as respostas
Uma
quadrilha formada por cinco jovens pernambucanos foi presa, em
flagrante, no começo da tarde de ontem, quando tentava fraudar o
concurso para agente penitenciário do Ceará. Os cinco homens foram
flagrados em salas e blocos diferentes do Campus da Universidade
Estadual do Ceará (Uece), no bairro Itaperi. Os acusados usavam
telefones celulares escondidos nos sapatos para receber, através de
vibração, as dicas de cada uma das questões.
O
trabalho de desarticulação da quadrilha, no entanto, já durava
cerca de dois meses, de forma sigilosa. Policiais civis e agentes do
Núcleo de Inteligência da Secretaria da Justiça e Cidadania
(Sejus) monitoravam os acusados e esperaram os acusados concluir a
prova para efetuar a prisão em flagrante.
Os
cinco homens presos foram identificados como Ítalo Abraão Gonçalves
David Andrade Sá, 20, natural de Mirandiba (PE); Victtor Kaollo Lima
de Almeida, 31, de Surubim; Joelton Leal de Sá, 24, de Recife;
Gustavo Araújo Ferraz de Moura Maniçoba, 28; e Isaac de Lavor
Siqueira, 26. Em poder dos acusados a Polícia apreendeu os
apetrechos que eles utilizavam para receber as informações dos
outros membros do bando.
Ítalo Abraão Gonçalves David Andrade Sá, 20, de Mirandiba, foi o primeiro a ser detido |
Victtor Kaollo Lima de Almeida, 21, de Surubim, preso quando deixava a sala de aula |
Isaac de Lavor Siqueira, 26, de Recife, tentou enganar o delegado na hora da revista |
Gustavo Araújo Ferraz de Moura Maniçoba, 28, de Recife, usava um ponto eletrônico |
Joelton Leal de Sá, 24, também vinha sendo monitorado pela Inteligência |
Além
dos telefones celulares que eram escondidos nos sapatos (entre o
solado e a palmilha), alguns dos candidatos usavam também pontos
eletrônicos no ouvido.
Para
cada questão, em, sequência, os candidatos recebiam uma quantidade
de vibração no aparelho. "Por exemplo, se numa questão a
opção correta da resposta fosse a de letra b, eram duas vibrações",
explicou o delegado Júlio Agrelli, titular da delegacia de Polícia
Civil de Penaforte, que veio a Fortaleza participar da operação no
concurso. Segundo os delegados que comandaram a investigação
policial, a quadrilha cobrou a quantia de R$ 15 mil a cada candidato.
"Cada
um deles deu uma parcela de entrada, no valor de R$ 5 mil, e pagaria
o restante quando fosse anunciada a aprovação", explicou o
delegado Jocel Beserra Dantas, diretor do Departamento de Polícia do
Interior (DPI) e um dos coordenadores da operação.
Marciliano
Ribeiro, delegado titular de Acopiara e que efetuou a prisão de um
dos acusados, explicou que um dos suspeitos recusou entregar o sapato
do lado esquerdo, exatamente onde estava escondido o celular para
receber os códigos através de vibração. "Ele tentou nos
enganar, mas quando percebeu que já sabíamos onde estava o
aparelho, começou a ficar nervoso", disse Marcílio se
referindo ao candidato Isaac Siqueira.
"Vamos
aprofundar as investigações para descobrir de onde partiam as
ligações que eram recebidas, através de vibração, pelos
candidatos que estavam com os telefones", afirmou o delegado
Júlio Agrelli. Segundo as autoridades, as investigações feitas em
sigilo nas semanas que antecederam a realização das provas
indicavam que a quadrilha, procedente de Pernambuco, iria cooptar
vários candidatos. A partir desta informação, foi montada a
operação com a participação de 48 policiais civis (da Capital e
Interior) e 42 agentes do Núcleo de Inteligência da Sejus.
O
secretário da Segurança Pública do Estado, coronel Francisco José
Bezerra, acompanhou toda a operação e destacou o chefe da
Coordenadoria de Operações Policiais (Copol), delegado Andrade
Júnior, para coordenar as ações no Campus juntamente com o diretor
técnico operacional (DTO) da Delegacia Geral, delegado Lúcio
Torres.
Depois
de passarem por uma revista com o uso de detectores de metais (para a
descoberta dos aparelhos celulares), os cinco acusados foram
conduzidos à Delegacia Geral (Centro) e encaminhados ao Departamento
de Inteligência Policial (DIP), onde permanecem recolhidos no
xadrez. O delegado Jocel Dantas explicou que o grupo foi autuado em
flagrante pelo crime de tentativa de estelionato qualificado,
estabelecido no artigo 171 do Código Penal Brasileiro (CPB),
parágrafo terceiro, cuja pena máxima é de cinco anos de reclusão
e multa.
Um
dos últimos casos de fraudes em concurso no Ceará aconteceu em
2009, quando uma quadrilha foi presa pela Polícia Civil acusada de
fraudar o certame para cargos na Autarquia Municipal de Trânsito e
Cidadania (AMC), com provas foram realizadas em novembro de 2008.
Numa sigilosa investigação, a Polícia identificou o promotor de
eventos Danilo Carneiro de Morais, o irmão dele Daniel Carneiro de
Morais, conselheiro tutelar; e os estudantes Anderson Belizário de
Sousa e Aírton Sousa de Oliveira, que tiveram prisão preventiva
decretada e, depois, revogada. Cinquenta candidatos teriam sido
aprovados irregularmente.
RETROSPECTO
17/09/2006
A Polícia Federal desarticulou em Fortaleza uma quadrilha que
fraudava concursos no Ceará e outros Estados. A ´base´ do grupo
era uma casa no bairro Olavo Bilac. O bando se preparava para agir
mais uma vez, fraudando as provas do concurso para vagas no Dert.
08/03/2008
A Secretaria de segurança suspendeu o concurso para delegado de
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27/04/2009
Quatro pessoas foram presas em Fortaleza, acusadas de formar uma
quadrilha que fraudou o concurso para cargos na AMC
06/11/2011
Desarticulado grupo que veio de Pernambuco fraudar o concurso para
agente penitenciário
FERNANDO
RIBEIRO
EDITOR
DE POLÍCIA
JORNALDIÁRIO
DO NORDESTE
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