sexta-feira, 22 de julho de 2011


Os problemas enfrentados pela juventude e a sua
participação na sociedade do século XXI

JOSÉ MAURÍCIO SILVA LIMA *

O
 jovem sempre foi um precursor das mudanças e esteve presente em todos os acontecimentos que modificaram o mundo. No Brasil, em todos os momentos de mudanças, a juventude se fez participante; basta rever momentos recentes da história do nosso país, em que essa participação se destaca: a ditadura militar e a luta pelas “Diretas-Já”.
Na ditadura militar, a juventude estudantil exerceu o papel de oposição a tudo que acontecia de errado em nosso país. Era uma luta que não combatia apenas os desmandos do governo, mas buscava a concretização de ideais revolucionários. Essa juventude foi ousada e atrevida, enfrentou nas ruas a polícia e o governo militar autoritário; nas universidades e escolas lutou pelos direitos dos estudantes; muitos foram mandados para fora do país, outros foram assassinados, alguns desapareceram e outros continuaram a luta na clandestinidade. Essa juventude, apesar de todas as dificuldades encontradas, sempre tinha “desculpa” para lutar, para buscar aquilo que era seu por direito; os métodos nem sempre eram lícitos e corretos, mas quase sempre representavam o único modo que eles tinham para chegar aos seus ideais.
No processo das “Diretas Já”, encontramos de novo a juventude estudantil nas ruas. Dessa vez a luta era outra: não foi preciso ser tão ousada e atrevida como a juventude da ditadura militar. Sem a repressão ferrenha do governo, que continuava autoritário, eles pediam apenas o direito de eleger o seu próprio presidente, a honra de escolher, pelo voto, o “governante geral” do Brasil. Essa luta não era apenas deles, mas de todo o povo brasileiro – políticos, autoridades, artistas, militares(até militares), religiosos, pobres, ricos; todos lutando por um único ideal: a democracia.
         Hoje, próximos à virada para um novo século, pergunta-se: Por onde anda nossa juventude? Que ideais a movem? Que lutas ela trava para torná-los realidade? Essas são perguntas simples e diretas, mas que encontram uma juventude que não sabe respondê-las. A nossa juventude, como a nossa sociedade, enfrenta problemas estruturais, sócio-culturais e econômicos. É uma juventude para quem as drogas – principalmente as lícitas: álcool e cigarro – exercem um fascínio intenso e, às vezes, mortal; a violência é usada como diversão; o racismo e o preconceito a afasta da sociedade; o desemprego a tira do mercado de trabalho; sua sexualidade é violentada. Tudo isso pela falta de uma educação apropriada, tanto no âmbito escolar, como no familiar.
         A juventude precisa se conscientizar de que para conseguir mudar o que hoje existe, tem que primeiro mudar a si própria, encontrando motivos, ideais, ideologias que a façam movimentar-se. Não adianta apenas reclamar; agora é a hora e a vez de fazer, de mudar as coisas, é a hora de participar de todos os movimentos organizados possíveis: grêmios, conselhos escolares, associações de classe, sindicatos, partidos políticos etc. A juventude precisa mostrar que está aqui, que quer mudanças e que está disposta a lutar por elas. Tem-se as armas, basta agora aprender a usá-las de modo correto.

(Texto publicado na Revista GESTÃO EM REDE, Março/2000, publicação periódica do CONSED)

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