Professor Maurício Lima |
Em 1999, quando presidente do Grêmio Estudantil do Instituo de
Educação do Ceará – Grêmio Quilombo dos Palmares, tive o prazer de ser
convocado pela Secretaira de Educação Básica do Ceará, para participar de um
evento proposto pelo CREDE de Tiaguá, que tinha como tema: JUVENTUDE-LIDERANÇA
FORÇAS CONVERGENTES PARA UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE. Naquela época eu estava
começando meu mandato pelo referido Grêmio, tínhamos participado do programa
ENCONTRO, TV Ceará, que tratou dos movimentos estudantis, e em particular dos
Grêmios. Programa esse que abriu a portas para mim junto a SEDUC, no tocante a
representação estudantil. O convite feito pelo CREDE de Tianguá, me propiciou
um momento único, para expressar minhas ideias, foi então que o texto: “Os problemas enfrentados pela juventude
e a sua participação na sociedade do século XXI.”
Texto esse, que após 15 anos ainda continua atual e pulsante, foi
esse o motivo de sua re-publicação. Hoje a juventude ainda continua sem rumo,
sem destino. Essa juventude atual ainda não sabe o que quer da vida, o que quer
para seu futuro. Apesar da liberdade reinante, a juventude está presa aos seus
preconceitos, a sua intolerância, a sua própria violência e sem contar as
drogas.
* OS PROBLEMAS ENFRENTADOS PELA JUVENTUDE E
A SUA PARTICIPAÇÃO NA SOCIEDADE DO SÉCULO XXI
O
jovem
sempre foi um precursor das mudanças e esteve presente em todos os
acontecimentos que modificaram o mundo. No Brasil, em todos os momentos de
mudanças, a juventude se fez participante; basta rever momentos recentes da
história do nosso país, em que essa participação se destaca: a ditadura militar
e a luta pelas “Diretas-Já”.
Na ditadura militar, a juventude estudantil exerceu o papel de
oposição a tudo que acontecia de errado em nosso país. Era uma luta que não
combatia apenas os desmandos do governo, mas buscava a concretização de ideais revolucionários.
Essa juventude foi ousada e atrevida, enfrentou nas ruas a polícia e o governo
militar autoritário; nas universidades e escolas lutou pelos direitos dos
estudantes; muitos foram mandados para fora do país, outros foram assassinados,
alguns desapareceram e outros continuaram a luta na clandestinidade. Essa
juventude, apesar de todas as dificuldades encontradas, sempre tinha “desculpa”
para lutar, para buscar aquilo que era seu por direito; os métodos nem sempre
eram lícitos e corretos, mas quase sempre representavam o único modo que eles
tinham para chegar aos seus ideais.
No processo das “Diretas Já”, encontramos de novo a juventude
estudantil nas ruas. Dessa vez a luta era outra: não foi preciso ser tão ousada
e atrevida como a juventude da ditadura militar. Sem a repressão ferrenha do
governo, que continuava autoritário, eles pediam apenas o direito de eleger o
seu próprio presidente, a honra de escolher, pelo voto, o “governante geral” do
Brasil. Essa luta não era apenas deles, mas de todo o povo brasileiro –
políticos, autoridades, artistas, militares(até militares), religiosos, pobres,
ricos; todos lutando por um único ideal: a democracia.
Hoje, próximos à virada
para um novo século, pergunta-se: Por onde anda nossa juventude? Que ideais a
movem? Que lutas ela trava para torná-los realidade? Essas são perguntas
simples e diretas, mas que encontram uma juventude que não sabe respondê-las. A
nossa juventude, como a nossa sociedade, enfrenta problemas estruturais,
sócio-culturais e econômicos. É uma juventude para quem as drogas –
principalmente as lícitas: álcool e cigarro – exercem um fascínio intenso e, às
vezes, mortal; a violência é usada como diversão; o racismo e o preconceito a
afasta da sociedade; o desemprego a tira do mercado de trabalho; sua
sexualidade é violentada. Tudo isso pela falta de uma educação apropriada,
tanto no âmbito escolar, como no familiar.
A
Juventude
precisa se conscientizar de que para conseguir mudar o que hoje existe, tem que
primeiro mudar a si própria, encontrando motivos, ideais, ideologias que a
façam movimentar-se. Não adianta apenas reclamar; agora é a hora e a vez de
fazer, de mudar as coisas, é a hora de participar de todos os movimentos
organizados possíveis: grêmios, conselhos escolares, associações de classe,
sindicatos, partidos políticos etc. A juventude precisa mostrar que está aqui,
que quer mudanças e que está disposta a lutar por elas. Tem-se as armas, basta
agora aprender a usá-las de modo correto.
·
Escrito em Fortaleza-CE,
no dia 13 de dezembro de 1999, pelo então Presidente do Grêmio do Instituto de
Educação do Ceará, o Professor José Maurício Silva Lima, hoje ex-professor de
História do Liceu de Camocim e candidato a Deputado Estadual pelo PSOL Ceará, texto
publicado na Revista GESTÃO EM REDE, do mês de Março/2000, publicação
periódica do CONSED – Conselho Nacional de Educação.
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