domingo, 30 de outubro de 2011


INEP TEM ATÉ 2ª FEIRA PARA EXPLICAR PROBLEMAS NO ENEM
Publicado em 29 de outubro de 2011 no Jornal Diário do Nordeste


Amanhã(30), a presidente do Inep, Malvina Tania Tuttman, virá a Fortaleza para defender a anulação parcial do Enem
Exame nacional foi realizado nos dias 22 e 23 de outubro e pode
ser feito novamente, em 28 e 29 de novembro, por alunos do
Colégio Christus se a Justiça confirmar a decisão do MEC
ALEX COSTA
O Instituto Nacional de Estudos e pesquisas Educacionais (Inep) deve se manifestar, nesta segunda-feira, dia 31, sobre o pedido do Ministério Público Federal (MPF-CE) de anulação total ou parcial das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), aplicadas no último fim de semana. O prazo de 72 horas foi dado, na tarde de ontem, pela Justiça Federal no Estado do Ceará.
Além do MPF-CE, outras instituições pedem a anulação total ou parcial do exame. A Defensoria Pública da União (DPU) informou que deve recomendar ao Inep o cancelamento das 14 questões, pois entende que esta seria uma forma de garantir que ninguém seja prejudicado ou beneficiado por realizar as provas em condições desiguais.
Já o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais garantiu (Sinep-MG) entrou com uma representação no MPF para pedir que um novo exame seja realizado para todo Brasil.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, o Ministério da Educação (MEC) e o Inep informaram que já começaram a preparar uma resposta ao MPF-CE e devem entregá-la dentro do prazo estabelecido pela Justiça. O posicionamento, porém, de acordo com as instituições, deverá ser o mesmo, de cancelar somente as provas dos 639 estudantes do Colégio Christus.
Amanhã, a presidente do Inep, Malvina Tania Tuttman, vem a Fortaleza para defender o posicionamento do órgão. Ela se reunirá com o juiz da 1ª vara da Justiça Federal no Ceará, Luis Praxedes Vieira da Silva.
A decisão do Inep de cancelar apenas os exames dos candidatos do Christus foi tomada com base nas declarações da direção da escola, de que as 14 questões teriam saído do banco da própria instituição de ensino.
Para o Inep, o fato configurou uma quebra de isonomia (igualdade de direitos), independente da investigação criminal, que está sendo realizada pela Polícia Federal.
O procurador federal no Ceará, Oscar Costa Filho, autor da ação civil pública, voltou a afirmar que a decisão do Inep de invalidar apenas as provas dos 639 candidatos do Colégio Christus é aleatória e arbitrária, pois, segundo ele, alunos do cursinho da escola ou até mesmo de outras instituições também tiveram contato com o material que trazia as questões semelhantes às dos Enem.
O exame nacional, ressalta o procurador, trata de direitos coletivos e indivisíveis, já que afeta candidatos de todo o Brasil. Costa Filho, entendendo que os estudantes do Christus não devem ser prejudicados, afirma que a medida adotada pelo Inep é uma forma de "arranjar culpados para pagar uma conta que eles não têm nada a ver".
"A posição anunciada pelo Inep é uma ameaça à indivisibilidade. A anulação da prova não pode ser para alguns, tem que ser para todos", considera o procurador, afirmando que o correto seria o cancelamento total ou parcial do concurso para se chegar a uma decisão uniforme.
Costa Filho disse que deve solicitar ao Núcleo Criminal do MPF-CE e à Ordem dos Advogados do Brasil, Secção Ceará, (OAB-CE) o acompanhamento no processo de investigação criminal da Policia Federal.
"Nos preocupa o que pode acontecer no processo criminal. É muito perigoso o jeito que as coisas estão sendo conduzidas. Eles também irão querer achar um culpado na área criminal, por isso devemos acompanhar as investigações de perto".
3 Instituições (MPF, Defensoria Pública e Sindicatos das Escolas Particulares de MG) já solicitaram a anulação total ou parcial do Enem
Apoio ao Enem: a Universidade Federal do Ceará considera
que a melhor alternativa de seleção é o Enem e que o ocorrido
não coloca em questão a pertinência do concurso
MIGUEL PORTELA (20/04/2010)
Para a Universidade Federal do Ceará (UFC), o vazamento das questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para o Colégio Christus não configura um erro do exame. É o que afirma o pró-reitor de graduação, Custódio Almeida. "Nós consideramos que não houve problema com o concurso do Enem, não houve problema relacionado à operação e à logística do concurso. O problema que aconteceu foi de cunho criminal. Um material sigiloso que foi publicado de forma indevida, ilegal", defendeu o pró-reitor.
Segundo ele, a instituição considera que o ocorrido não coloca em questão a pertinência do concurso nem do método da Teoria de Resposta ao Item (TRI), utilizado pelo Ministério da Educação, que prevê a realização de pré-testes antes das provas.
"Não houve nenhum problema do Enem, nem questionamento do método da TRI. O que aconteceu poderia ter acontecido com qualquer outro concurso. O pré-teste das questões é uma das premissas dessa teoria", ressalta o pró-reitor.
Custódio Almeida lembra que o Enem adotou o pré-teste para evitar que uma questão tenha mais de uma resposta possível. "É fundamental para garantir que o grau de dificuldade seja mantido ao longo das edições. As questões copiadas poderiam nem ter sido usadas nessa edição", afirma.
O pró-reitor defende ainda o vazamento das questões se deve a uma ação ilícita de alguém e não de falhas na estrutura do Enem. A constatação de que as questões do simulado do colégio Christus teriam sido copiadas do Exame se deu após a aplicação da prova e esse fato, segundo ele, descaracterizaria um vazamento.
"Ninguém sabia que questões estariam na prova, a constatação foi a posteriori. No vazamento regular é o contrario, eles sabem antes da prova que questões estão lá", diz o pró-reitor de graduação.
Custódio Almeida afirma ainda que a Universidade Federal do Ceará avalia como positiva a atuação do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) ao longo das três últimas edições e que os erros dos anos anteriores foram pontuais.
Segundo ele, a UFC está satisfeita com o desempenho do Enem e acredita que tomou a decisão certa ao definir o exame como única porta de entrada para a Universidade. "Na nossa posição, não existe nenhuma alternativa além do Enem. Nossa primeira opção, nossa segunda opção e nossa terceira opção é o Enem", assegura.
O pró-reitor garante ainda que qualquer decisão que seja tomada para solucionar o vazamento das 14 questões não irá atrapalhar o calendário de seleção de novos alunos da UFC. Os quatro meses que antecedem o início do ano letivo na Universidade Federal do Ceará são, de acordo com Custódio Almeida, suficientes para que qualquer medida seja tomada sem alterações no calendário acadêmico da universidade.

MAIS UM CASO: ESCOLA MINEIRA TERIA ANTECIPADO QUESTÃO

A escola Bernoulli, de Belo Horizonte (MG), foi acusada de também ter antecipado questões do Enem. A instituição divulgou uma nota, ontem, afirmando ser "coincidência" o fato de ter sido usado, num simulado aplicado em setembro aos alunos do colégio e do pré-vestibular, uma figura e um trecho de enunciado iguais aos de uma questão do Exame deste ano.
O Bernoulli, que tem uma das melhores médias do Enem em Minas, informou ainda que nenhuma escola do Estado participou do pré-teste do Enem. "A semelhança (entre as questões) se dá tão somente pelo fato de ser utilizado o ´relógio de luz´ e de haver uma explicação sobre como ele funciona, para evitar que o candidato erre a questão por não saber como se faz essa leitura", afirma a nota do colégio, acrescentando que o simulado pediu uma leitura para uma "aplicação meramente matemática", enquanto a do Bernoulli apresentou a leitura e então propôs outro problema.
A questão, que era a pergunta 137 da prova amarela do Enem, também esteve disponível na internet, em blogs de professores, antes do concurso.
O Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG) entrou com uma representação no Ministério Público Federal pedindo o cancelamento das provas e o impedimento da divulgação dos resultados do Enem. Segundo o presidente da entidade, Emiro Barbini, não há garantias de que as questões desta edição não foram divulgadas para alunos de outros estados. "O exame perdeu a credibilidade", afirmou, em nota.
A Defensoria Pública da União (DPU) anunciou, ontem, que iria recomendar ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) a anulação do Enem para os candidatos de todo o País ou, pelo menos, das 14 questões a que os alunos do Colégio Christus tiveram acesso previamente em uma apostila da escola. "Como se trata de um concurso nacional, a solução não pode ser apenas no âmbito local", diz Ricardo Salviano, defensor público federal, autor da recomendação.
Para ele, a anulação das perguntas e respostas para os cerca de 5 milhões de estudantes que realizaram a prova é uma das duas formas de garantir que ninguém seja prejudicado ou beneficiado por realizar as provas em condições desiguais. A outra forma seria o Inep anular toda a prova, nacionalmente, conforme sugere o defensor.
Salviano explicou que será dado um prazo de até dez dias para que o Inep, a partir do momento que receber a recomendação, se manifeste.

RAONE SARAIVA E REGINA PAZ
ESPECIAL PARA CIDADE
Fonte da Informação Jornal Diário do Nordeste

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