PT APROVA RESOLUÇÃO E PEDE
POLÍTICA MONETÁRIA MAIS OUSADA
REUTERS - 03/09/2011 - 18h39 - Por Jeferson Ribeiro
BRASÍLIA (Reuters) - O PT aprovou neste sábado uma resolução
política que pede "medidas mais ousadas" para garantir a redução dos
juros e conter a desvalorização cambial.
A resolução, que ainda pode ser modificada por emendas no domingo,
é aprovada no momento em que o governo Dilma Rousseff se esforça para ter uma
política fiscal mais austera e o Banco Central surpreendeu o mercado reduzindo
a taxa Selic em 0,5 ponto percentual esta semana, para 12 por cento ao ano.
O corte do juro básico gerou dúvidas sobre a autonomia do BC, já
que dias antes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) a presidente
havia dito que o governo esperava a queda dos juros após anunciar o aumento da
meta de superávit primário deste ano em 10 bilhões de reais.
Mas o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto
Carvalho, reafirmou a posição do governo garantindo autonomia do Banco Central.
"O BC percebeu o esforço do governo e avaliou o cenário
internacional", afirmou o ministro à Reuters neste sábado.
O texto aprovado no 4o Congresso Nacional do PT afirma que "a
questão dos juros e do câmbio precisa ser enfrentada com medidas mais ousadas.
O câmbio elevado é uma ameaça à economia brasileira, que exigirá no curto prazo
medidas de impacto, capaz de frear o livre ingresso de dólares".
A resolução política do PT pede ainda que sejam incentivados novos
"instrumentos financeiros" que complementem a participação do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nos financiamentos de
longo prazo, mas não especifica quais mecanismos devem ser adotados.
Ainda na questão econômica, o PT defende que o Brasil se articule
com os demais países emergentes "para
instituir mecanismos efetivos de regulação financeira e combate à guerra
cambial", diz o texto básico aprovado.
CORRUPÇÃO
A resolução política aprovada pelos petistas diz que as seguidas
quedas de ministros no governo Dilma desde o seu início, há oito meses, é fruto
de uma campanha midiática que tem o apoio da "oposição".
Desde o início do governo, quatro ministros perderam seus cargos e
nos ministérios dos Transportes, do Turismo e da Agricultura dezenas de
assessores de escalões inferiores foram demitidos por serem acusados de
envolvimento com irregularidades.
"O PT
deve repelir com firmeza as manobras da mídia conservadora e da oposição de
promover uma espécie de criminalização generalizada da conduta da base de
sustentação do governo", diz a resolução.
Na abertura do Congresso, na sexta-feira, a presidente Dilma
voltou a dizer que zelará pela boa aplicação dos recursos públicos, mas não
estabelecerá como meta da sua gestão o combate a corrupção.
ELEIÇÕES
No pleito municipal do ano que vem, o PT pretende lançar
candidaturas próprias nas cidades que já governa e nos municípios que tenham
mais de 150 mil habitantes. Porém, a resolução aprovada reafirma a necessidade
de formar alianças com os partidos que compõem a coalizão de Dilma no
Congresso.
"Nosso
objetivo é ampliar fortemente a presença do PT e seus aliados no comando dos
municípios brasileiros e nas Câmaras de Vereadores, especialmente as capitais e
cidades com mais de 150 mil habitantes", diz o texto.
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