CARTA ABERTA AOS
PROFESSORES DA REDE ESTADUAL DE ENSINO
http://www.iguassureporter.com/2011/01/pensamento-valido-para-foz-do-iguacu/
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Estamos
em GREVE mais uma vez lutando por melhores salários e melhores condições de
trabalho. Desde 1985 que participo de movimento grevista de professores.
Naquela época, no final da Ditadura Militar, em Fortaleza, eu ainda não era
professor e jurava não ser.
Eu
era aluno do Liceu do Ceará, a maior escola de ensino médio do estado do Ceará,
que era na época, a melhor escola de ensino médio público do estado. Tínhamos
os melhores professores, quase todos eram também professores da antiga Escola Técnica
Federal do Ceará, hoje com outro nome. Alguns ensinavam na UFC, UECE e até mesmo
na UNIFOR. Passávamos entre os primeiros em todas as provas de vestibular, nos
concursos militares e para a própria Escola Técnica Federal do Ceará. Para
entrar no Liceu do Ceará tinha prova de seleção, todos queriam estudar lá, mas
poucos conseguiam.
Para
os professores fazerem GREVE durante o governo militar, não era fácil. Pois
muitas vezes, até nós, alunos, tínhamos que fugir da Policia Militar para não
apanhar. Apanhar mesmo, eles batiam com vontade, além dos cassetetes de
madeira, tinha os escudos e às vezes até gás lacrimogêneo. Perdi as contas de quantas
vezes tive que correr, para não ser preso pela policia, e não importava se era
menor ou maior, não fazia diferença para os policiais. Desde então tenho
participado dos movimentos organizados em prol de uma educação melhor para a
classe pobre, classe a qual eu pertenço, e o que tenho visto dos nossos
governantes é uma clara desvalorização da classe dos professores.
Nunca
um professor ganhou tão mal em comparação ao valor do salário mínimo, nunca um
professor teve tão pouco respeito da sociedade e daqueles que exercem os
poderes no serviço público. Essa luta não é de hoje, mas naquela época tínhamos
EDUCAÇÃO DE QUALIDADE, e assim mesmo,
com letras maiúsculas. Apesar de ganharem pouco, os professores nos ensinavam
com gosto e com amor, pois mesmo ganhando pouco, eles tinham o respeito dos
alunos e da sociedade. Para muitos, ser professor era galgar um patamar rumo à
classe média, saindo assim da pobreza. Hoje o que vemos é que ser professor é uma profissão de risco de morte, pois se o professor não trabalhar três
expedientes, ele vai passar fome. Sem contar que em muitos casos, ele tem que
trabalhar em três escolas diferentes durante o dia, para poder ganhar pelo
menos o que seja suficiente para sobreviver. Temos ainda os casos das escolas
onde os professores são ameaçados pelos alunos, alguns entram de licença para não
correrem o risco de morrer em sala de aula. Muitos professores tiram licenças
por motivo de “stresse”, ocorrido pelo grande desgaste sofrido no trato diário com
a falta de condições financeiras de se sustentar e sustentar a sua família, ou
até mesmo pela falta de condições psicológicas para suportar a pressão imposta
pelos gestores das escolas.
Por
isso senhor professor, que mesmo depois de saber o que pensa de nós o nosso
governador, você ainda insiste em ir a escola lecionar, o que posso dizer, é
que sinto pena de você. Sinto pena, pela incapacidade de formar opinião junto
aos seus alunos, pela sua incapacidade em perceber que está sendo usado pelo sistema,
pela sua incapacidade de ter uma consciência crítica de perceber que você é o
responsável pelas misérias que temos pelo nosso Brasil e em nosso estado.
Participar da greve é uma decisão pessoal e política, então senhor professor seja
uma EDUCADOR, seja POLÍTICO, ou seja, a pessoa que Bertolt Brecht, em seu poema O
Analfabeto Político, nos apresenta.
“O pior
analfabeto / é o analfabeto político. / Ele não ouve, não fala, nem participa /
dos acontecimentos políticos. / Ele não sabe que o custo de vida, / o preço do
feijão, do peixe, da farinha, / do aluguel, do sapato e do remédio / dependem
das decisões políticas. / O analfabeto político é tão burro / que se orgulha e
estufa o peito / dizendo que odeia a política. / Não sabe o imbecil que, / da
sua ignorância política, / nasce a prostituta, /o menor abandonado, / e o pior
de todos os bandidos, / que é o político vigarista, / pilantra, corrupto e
lacaio das empresas / nacionais e multinacionais.”
OS PROFESSORES NA RUA, A LUTA CONTINUA!
Professor Maurício Lima
2 comentários:
caro amigo maurício precisamos reproduzir esse seu texto e distribuí-lo junto aos colegas professores. estou muito desapontado pelos últimos acontecimentos, ao invés de dar mais ânimo a greve, percebi que as palavras do governador teve efeito contrário com alguns colegas. Quem sabe possamos resgatar a indignação nesses colegas.
Concordo com meu amigo bené. vamos reproduzir este texto e distribuir.
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