sexta-feira, 12 de setembro de 2014

PARA AONDE CAMINHAM OS JOVENS DE HOJE???

Professor Maurício Lima
Em 1999, quando presidente do Grêmio Estudantil do Instituo de Educação do Ceará – Grêmio Quilombo dos Palmares, tive o prazer de ser convocado pela Secretaira de Educação Básica do Ceará, para participar de um evento proposto pelo CREDE de Tiaguá, que tinha como tema: JUVENTUDE-LIDERANÇA FORÇAS CONVERGENTES PARA UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE. Naquela época eu estava começando meu mandato pelo referido Grêmio, tínhamos participado do programa ENCONTRO, TV Ceará, que tratou dos movimentos estudantis, e em particular dos Grêmios. Programa esse que abriu a portas para mim junto a SEDUC, no tocante a representação estudantil. O convite feito pelo CREDE de Tianguá, me propiciou um momento único, para expressar minhas ideias, foi então que o texto: Os problemas enfrentados pela juventude e a sua participação na sociedade do século XXI.”
Texto esse, que após 15 anos ainda continua atual e pulsante, foi esse o motivo de sua re-publicação. Hoje a juventude ainda continua sem rumo, sem destino. Essa juventude atual ainda não sabe o que quer da vida, o que quer para seu futuro. Apesar da liberdade reinante, a juventude está presa aos seus preconceitos, a sua intolerância, a sua própria violência e sem contar as drogas.
* OS PROBLEMAS ENFRENTADOS PELA JUVENTUDE E A SUA PARTICIPAÇÃO NA SOCIEDADE DO SÉCULO XXI
O jovem sempre foi um precursor das mudanças e esteve presente em todos os acontecimentos que modificaram o mundo. No Brasil, em todos os momentos de mudanças, a juventude se fez participante; basta rever momentos recentes da história do nosso país, em que essa participação se destaca: a ditadura militar e a luta pelas “Diretas-Já”.
Na ditadura militar, a juventude estudantil exerceu o papel de oposição a tudo que acontecia de errado em nosso país. Era uma luta que não combatia apenas os desmandos do governo, mas buscava a concretização de ideais revolucionários. Essa juventude foi ousada e atrevida, enfrentou nas ruas a polícia e o governo militar autoritário; nas universidades e escolas lutou pelos direitos dos estudantes; muitos foram mandados para fora do país, outros foram assassinados, alguns desapareceram e outros continuaram a luta na clandestinidade. Essa juventude, apesar de todas as dificuldades encontradas, sempre tinha “desculpa” para lutar, para buscar aquilo que era seu por direito; os métodos nem sempre eram lícitos e corretos, mas quase sempre representavam o único modo que eles tinham para chegar aos seus ideais.
No processo das “Diretas Já”, encontramos de novo a juventude estudantil nas ruas. Dessa vez a luta era outra: não foi preciso ser tão ousada e atrevida como a juventude da ditadura militar. Sem a repressão ferrenha do governo, que continuava autoritário, eles pediam apenas o direito de eleger o seu próprio presidente, a honra de escolher, pelo voto, o “governante geral” do Brasil. Essa luta não era apenas deles, mas de todo o povo brasileiro – políticos, autoridades, artistas, militares(até militares), religiosos, pobres, ricos; todos lutando por um único ideal: a democracia.
Hoje, próximos à virada para um novo século, pergunta-se: Por onde anda nossa juventude? Que ideais a movem? Que lutas ela trava para torná-los realidade? Essas são perguntas simples e diretas, mas que encontram uma juventude que não sabe respondê-las. A nossa juventude, como a nossa sociedade, enfrenta problemas estruturais, sócio-culturais e econômicos. É uma juventude para quem as drogas – principalmente as lícitas: álcool e cigarro – exercem um fascínio intenso e, às vezes, mortal; a violência é usada como diversão; o racismo e o preconceito a afasta da sociedade; o desemprego a tira do mercado de trabalho; sua sexualidade é violentada. Tudo isso pela falta de uma educação apropriada, tanto no âmbito escolar, como no familiar.
A Juventude precisa se conscientizar de que para conseguir mudar o que hoje existe, tem que primeiro mudar a si própria, encontrando motivos, ideais, ideologias que a façam movimentar-se. Não adianta apenas reclamar; agora é a hora e a vez de fazer, de mudar as coisas, é a hora de participar de todos os movimentos organizados possíveis: grêmios, conselhos escolares, associações de classe, sindicatos, partidos políticos etc. A juventude precisa mostrar que está aqui, que quer mudanças e que está disposta a lutar por elas. Tem-se as armas, basta agora aprender a usá-las de modo correto.

·         Escrito em Fortaleza-CE, no dia 13 de dezembro de 1999, pelo então Presidente do Grêmio do Instituto de Educação do Ceará, o Professor José Maurício Silva Lima, hoje ex-professor de História do Liceu de Camocim e candidato a Deputado Estadual pelo PSOL Ceará, texto publicado na Revista GESTÃO EM REDE, do mês de Março/2000, publicação periódica do CONSED – Conselho Nacional de Educação.


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